No livro de Ester, a Palavra nos fala sobre o livramento dos judeus exilados na Pérsia, sobre os quais havia sido decretada, já naquela época, a solução final.
O projeto era destruir, matar e aniquilar de vez a todos os judeus, moços e velhos, crianças e mulheres, em um só dia. E também, é claro, saquear seus bens. O argumento era que os judeus existem como povo diferente, com leis diferentes das dos outros povos, e por isso não poderiam ser tolerados.
Sabemos qual foi o desfecho, o projeto antissemita não prosperou, os inimigos pereceram, e houve felicidade, alegria, regozijo e honra para os judeus. E por isso nós lembramos e comemoramos Purim, geração após geração, até hoje. E assim continuaremos fazendo, até a volta de Cristo.
Mas há algo mais a comemorar em Purim.
Os judeus que viviam no Império Persa não estavam ali por acaso. Aproximadamente cem anos antes dos eventos narrados no livro de Ester, eles haviam sido exilados sob o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilônia. E esse exílio ocorreu como castigo de D-us, devido à contínua rebeldia, desobediência e idolatria de Judá. Posteriormente os persas dominaram os caldeus, Ciro permitiu a volta a Jerusalém e a recunstrução do Beit HaMikdash, mas muitos judeus permaneceram no exílio, agora sob o Império Persa. Assim, os judeus que ali viviam exilados nos dias de Assuero, se encontravam debaixo do juízo de D-us.
Então por que D-us não deu continuidade ao castigo dos exilados, permitindo que fossem finalmente destruídos? Ele nem precisaria ser o agente ativo, já que Seu Nome nem aparece no livro de Ester, poderia apenas deixar que os ímpios fizessem o que quisessem com os judeus, parecendo apenas uma trama humana.
D-us nos aperta, mas não nos estrangula.
Em Purim comemoramos a disciplina de D-us como Pai, conforme revelado implicitamente em Ester, e explicitamente em Hebreus. Somos ensinados, como filhos, a não menosprezar a correção que vem do Senhor, nem desmaiar quando por Ele somos reprovados. Aprendemos que o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. Por isso o exílio daqueles dias, e por isso tantas outras adversidades que sofremos hoje.
Somos ensinados a perseverar para disciplina, pois D-us nos trata como filhos, e que filho há que o pai não corrige? Aprendemos também que os que ficam sem a correção de D-us são bastardos, e não filhos. Por isso os caldeus, os persas, e tantos outros desapareceram, mas nós judeus aqui estamos.
Por isso D-us limita o mal que pode nos atingir, porque Ele nos ama, e quando nos disciplina é para nosso bem, sempre.
Sabemos ainda que toda disciplina, enquanto ocorre, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza. Depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. E é esse fruto que nos interessa. Por isso continuamos correndo, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus Cristo.
Ryby
06/03/23 - 13 Adar 5783